quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Anti-orgasmo e agências de viagens… - Crónica 64

Recente troca de correios eletrónicos:

“No dia 14 de Outubro de 2014 às 15:16, Travelgenio <paymentsrt@corp.travelgenio.com> escreveu:

Passageiros estimado A reserva é confirmada, mas nenhum pagamento. Le orgasmos fazer o pagamento no link que lhe foi enviado casal para prosseguir. Desculpe pela inconveniência. cumprimentos
Alfredo
Customer Service Representative
Travelgenio.com
Travel2be.com

15:22 (há 18 horas)
para paymentsrt

Sr. Alfredo, esa traducción está fatal. Entiendo que no habéis recibido mi pago aún que en mi banco indica que si. No he recibido ningún link. Por favor enviarme ese LINK de nuevo.
Saludo
Jose Giraldes

Observações:
Menos mal que o Alfredo era ‘só’ o Representante de Serviço ao Cliente!!
Era caso para responder: “Lhe orgasmo que me envie o link de novo”. Não é por isto, evidentemente, que a agência não me tem como cliente (apesar de se ter dirigido a mim, noutro mail, como “Sr. Cliente”) mas sim pela assistência deficiente.
‘Orgasmos’ foi a tradução que o Google inventou para rogamos (isto é tão divertido que não resisto a reproduzir uma crónica de 2012, em baixo). Assim, o único ponto em comum entre um orgasmo e uma agência de viagens parece ser (anedota) … o ‘tradutor do Google’! Por outro lado, a ilação óbvia a retirar é que, afinal não são só os espanhóis que falam pessimamente outra lingua…
 

Montanhas e atividades ‘ilícitas’… 06.10.12
Estes tradutores automáticos disponíveis no Office (e na net) são bizarros mas mesmo assim há quem se fie neles, na esperança de que o resultado seja inteligível!
No meu livro ‘Horizonte Branco’ (disponivel em http://www.bubok.pt/livros/5833/Horizonte-Branco--reflexoes-da-montanha) falo de vários locais por esse mundo fora. Para Charrapunji, o lugar mais húmido do mundo, na Índia, a sugestão de correção foi: ‘farrapinho’!!! Ok, é mesmo parecido!
Já para Snowdonia, o pico mais elevado de Gales, e o segundo do Reino Unido, a sugestão foi um pouco mais comprometedora! Neste caso, muito cuidado, por exemplo, a quem pretenda dar uma classe de geografia para miúdos, utilizando este avançado meio de comunicação. Estive naquele cume montanhoso, mas não tenho nada que ver com a correção proposta que é nada mais que… ‘sodomia’!?!

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Crónicas viageiras nos Balcãs - Crónica 63

Aeroportos:

Certa vez escrevi sobre casas de banho em refúgios de montanha (ver livro ‘Horizonte Branco’ - info em http://ze-tavares.blogspot.com). Agora pretendo fazer uma análise semelhante mas relativa a aeroportos.

Munique: aviões a chegar aos pares (dois aviões lado a lado em pistas paralelas); eleito o melhor da Europa, não sei porquê, mas que tinha cafés, e cacau quente e chá e jornais à borla, tinha!
Já em comparação, os de Lisboa e Salónica (Thessaloniki) são dos poucos que abusam dos ‘caminhos de carneiros’ para conduzir as pessoas (postes ligados com fitas para obrigar a circular em zig-zag e condensar o espaço ocupado), provavelmente achando que é uma solução muito inteligente mas não se apercebendo que as pessoas se sentem como carneiros e, sobretudo as que têm dificuldades de locomoção, acabam por caminhar quilómetros para atingir o que está metros à frente. Por algum motivo os alemães não necessitam usar este sistema. Nem em Munique nem em Frankfurt – talvez o aeroporto mais movimentado da Europa, já que o tráfico de Londres se divide por, pelo menos, três aeroportos. Em Frankfurt vi nove luzes de aviões no ar, em fila, para se fazerem à pista de aterragem. Vi também ratos nas salas de espera… Sendo que os alemães não são nada ingénuos a esse respeito, reparei também que existiam umas caixas metálicas ao nível do solo muito apropriadas para os roedores se esconderem; e, como havia restos de comida pelo chão, calculei que esconderijos e ratos estavam ali de propósito; por outro lado, já as bancas de venda de sandes e comidas deixaram de me inspirar confiança – confiança, aliás, perdida assim que reparei nos preços… 500 paus (2,5eur) por uma bolacha de manteiga, daquelas grandes, com pepitas de chocolate!?! Livra!
 

Quanto à perda de malas e bagagem, Madrid tem a pior das reputações que, não sendo disputada com a de um qualquer aeroporto de Cabo Verde, semi-automatizado, não garante a mesma eficácia destes apesar da super automatização… (na foto: retirada de malas para o tapete ‘não-rolante’ na ilha do Fogo). Quanto ao acesso ao aeroporto da Praia, é fácil: como dizem uns amigos que têm casa a uns metros do mar: “olha, lá vem o avião” – a TAP chega de noite e vê-se a luz do avião a avançar na direção da casa deles – “é hora de irmos embarcar” (o check-in feito antes e com tempo de voltar a casa para jantar).

Agora, os Tugas sim que deixam marcas no melhor aeroporto da Europa (Munique, para quem se esqueceu): não levam as canecas da Oktoberfest mas…
 

Incrível Macedónia:

A 2 minutos da partida para Skopje o motorista levanta-se, encara os 10 passageiros do autocarro de 39 lugares, adquire um ar grave, franzindo as sobrancelhas – pensamos que se vai apresentar e explicar o trajeto – e remata ameaçador: “Don’t eat in my bus…”. Ok, estamos prontos para partir!
Em Escópia (Skopje) não há uma única loja de qualquer cadeia internacional. O mesmo é dizer que estas não existem em todo o país. É difícil encontrar certos artigos (gás de camping) mas afinal a solução é fácil: eles vendem o conjunto completo, queimador e botija de gás, bastante barato e ‘made in Macedónia’. Apenas encontrei referências à Europcar e à Coca-cola…
A estrada principal que chega à capital da Macedónia vinda da Grécia está em muito mau estado e em obras. É comum os camiões e autocarros conduzirem no meio das duas faixas ou nas bermas para evitar os buracos e para deixar passar outros veículos. No interior encontrei vários ‘perigos ao volante’ e… muito lixo – estes tipos são uns porcos, ao nível de pescadores e ciganos (e peço desculpa pela generalização, mas quando a maioria marca uma classe a classe fica definida por essa maioria).
O próprio centro da capital parece quase um estaleiro de obras, sobretudo em edifícios públicos… Quem estará a financiar tantas obras num país praticamente sem indústria exportadora (as exportações limitar-se-ão a produtos agrícolas)!? O turismo é incipiente. Dizem que a ex-Jugoslávia está a ajudar… nota-se a presença alemã (telecomunicações) … E quem mais?

Três cumes na última semana. Aliás, em 3 dias! Dois deles às ‘escuras’.
Não levava mais que um mapa de estradas; acordei uma noite (dentro do carro) a tiritar quando a temperatura se precipitou para os 5 graus; levei tareia de granizo e vento no cimo do segundo pico mais alto da Macedónia; vi-me acossado por cães-pastor em matilha; julguei-me desorientado nas entranhas das montanhas Rudoka; por fim, às apalpadelas, encontrei-me no cume mais alto do Kosovo, na fronteira – controlada por militares - com a Macedónia.
mais em http://aventuraaomaximo.blogspot.com

Num espaço de 40 quilómetros encontrei três aldeias com o nome Novo Selo! Considerei a população ‘muito mal informada’: não sabiam dos nomes e dos acessos às montanhas vizinhas; nem de postos de turismo (aliás, inexistentes)! Cabe dizer que, no vale de Vardar (o nome do rio que chega a Escópia), a população é maioritariamente de origem albanesa, muito a contragosto dos macedónios. Surpreendi-me por ter chegado, à primeira tentativa, a cada lugar pretendido apesar da falta de informação e das dificuldades de comunicação (encontrei vários adultos que falavam alemão ou italiano; apenas alguns jovens falam o inglês) …

Os Gregos, em Salónica: são vivos, animados, falam alto… Não se pode dizer que sejam demasiado acolhedores ou afetuosos com o estrangeiro/turista. Em Salónica comer é barato (pizza e pita). Dominam os folhados de queijo e espinafres como ninguém. Os gregos não sabem fazer uma fila; e ainda aplaudem quando o avião aterra, ou melhor, quando as rodas tocam no solo, ainda sem saber se a aterragem termina com sucesso!

Selmo: de Madrid ao Nepal, por um meio de transporte mais ecológico – a bicicleta. O Selmo leva um mês na estrada, faltam-lhe outros 10 meses. Encantado com a Croácia e Montenegro. www.selaventura.com
 

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Scary movie - Crónica 62

'Scary movie' ou 'factos atuais profundamente preocupantes, e mesmo assustadores...'

Factos preocupantes que são mais que meras coincidências. Ora reparem:

- Os noticiários dos 3 canais nacionais da televisão portuguesa apresentam as mesmas notícias, fazem intervalos à mesma hora e, durante os mesmos, apresentam os mesmos anúncios!!!! Pura coincidência?! Scaryyyyy!

- Os estádios de futebol do Brasil e a Piscina Municipal de Lagos. Afinal a Piscina Municipal de Lagos não é municipal. O edifício (leia-se o elevado investimento em toda a infra-estrutura) é da Câmara mas a exploração é de uma empresa privada. Ou seja, os preços praticados para os utilizadores da piscína de 25 metros são mais elevados (o dobro) do que os praticados para utilizadores da piscína olimpica do Jamor e para utilizadores da média das piscínas municipais em Espanha. Ou seja, a infra-estrutura de Lagos, tal como os estádios do Brasil, foi paga pelo dinheiro de todos os contribuintes (incluindo a classe média-baixa hoje em sérias dificuldades), para benefício de apenas alguns! Revolta-me que os impostos da classe média-baixa sejam utilizados para benefício exclusivo de uma outra classe com maior poder aquisitivo!! Coincidência?! Scaryyyyy!


 - Homenagens do 10 de Junho. Votaria para que nesta data e nesta conjuntura não se homenageasse a maioria dos homenageados mas sim as donas 'Lucrécia' que sobrevivem com uma pensão de 250Euros/mês; os Srs. Silva que com uma reforma inferior a 1.000Euros sustentam filhos e netos; os Maneis que imigraram para Angola, Cabo Verde ou Brasil à procura de trabalho; e alguns daqueles que atirados para o desemprego e sem apoios se viram obrigados a viver em viaturas ou debaixo de pontes. Os verdadeiros exemplos de luta deveriam vir destes sobreviventes e não daqueles cujo sucesso se mede em cifrões e alguma vaidade mal escondida. Recordo que uma boa gestão autárquica é um dever e não um mérito. Scaryyyy

 
- Una biblioteca de Granada (Cenes de la Vega) rechazó la oferta de un libro, diciendome que no solian acceptar de personas individuales!?! He ofrecido antes docenas de libros a la biblioteca de Monachil (donde, por cierto, me atenden mucho mejor). No deberia una biblioteca publica aprovechar ofertas de particulares y asi evitar sobrecargar el erario publico?!
Ai cosas que no tienen sentido y hay empleados que no tienen brío profesional!!

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Últimas de Espanha e do mundo... - Crónica 61

Notícias de finais de Dezembro de 2013

5% de pobres energéticos em Espanha (1,4 milhões de espanhóis a quem foi cortada a luz)

Teletuby acusado de homossexual. Bob Esponja acusado de propaganda política tendenciosa. Alcaide de freguesia de Madrid, alcoolizada, atropela transeunte…

47 milhões de deslocados no mundo devido à guerra, desastres naturais…


Mikhail Kalashnikov faleceu: milhões de espingardas automáticas AK47 foram produzidas desde a sua criação e milhões de pessoas foram mortas por esta arma. Kalashnikov: um sucesso ou uma vergonha?!

 

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

China, um mal necessário – Crónica 60

O título completo poderia ser: China, um mal necessário. Botella, um mal prescindível!
Na verdade o mal ‘China’ não é absolutamente necessário. É necessário, infelizmente e apenas, para trazer uma lição à humanidade, ou melhor, ao mundo do capitalismo desenfreado.
A desvantagem deste mal é, evidentemente, que aumenta significativamente a agressão ao ambiente do planeta e concorre para a crise económica em muitos países ocidentais.
A necessidade deste mal é a lição que traz ao sistema capitalista (além da redução da pobreza de parte da população chinesa), com a própria ‘medicina’ deste, mostrando-lhe que um sistema baseado na produção massificada, nas economias de escala, nas deslocalização com base na busca da mão-de-obra mais barata… não é sustentável para o planeta nem beneficia o futuro das sociedades que não podem, nem devem, competir nessa mesma linha.
Já não era justo que o mundo ocidental gozasse do nível de vida que gozava enquanto muitos outros países, sobretudo de África e sudeste asiático, além de verem que lhes exploravam os recursos naturais, vivessem em estado de miséria… Mas agora a situação pode inverter-se, o que também não é justo para muitas famílias ocidentais, que de repente se veem sem meios para sobreviver numa sociedade que exige que se os detenha só para existir. Nem quero imaginar as consequências mundiais quando a máquina de produção chinesa espirrar…

A referida ‘medicina’ (a fuga para a frente do sistema capitalista) não cura, ou cria mais problemas do que os que cura. Como afirmou o novo Papa: o sistema capitalista mata. A senhora Ana Botella (presidente da Comunidade de Madrid) disse (final Nov.13), por seu lado, disse que os períodos de governo do Partido Popular (política de direita neoliberal) foram os de maior crescimento da humanidade. Pode ser que sim, mas foram também os que criaram maiores desigualdades sociais e maiores atentados ao ambiente (para não falar em corrupção e atentados às liberdades individuais). O que esta senhora, que fossilizou em meados do século passado (ela garantiu que nunca se dedicaria à política), não quer saber (ou talvez não alcance) é que o paradigma da humanidade mudou há mais de 20 anos: o mundo já não necessita ou pretende ‘o maior crescimento’ ou o crescimento a qualquer preço, mas sim um desenvolvimento sustentável; e isto requer um maior rigor e justiça fiscal, maior controle dos fluxos financeiros, e políticas de âmbito social – tudo o que a ideologia de direita não deseja ver assegurado. Para o crescimento se converter em ‘desenvolvimento’ deve ser mais justo e igualitário (melhor distribuído) e necessariamente suceder a ritmos mais reduzidos para poder ser mais constante e sustentável - a bem do planeta e das populações.

Os dados já existem há muito tempo, só não vê quem não quer (recorde-se que também Aznar, o marido de Botella, desprezou o ambiente e depois foi responsável de uma controversa instituição que repartia fundos para palear desastres ambientais)! Seguramente a sra. Garrafa não é uma grande leitora, mas aconselho-a a ler, por exemplo,The end of poverty’ (Jeffrey D.Sachs), ou como a pobreza extrema pode ser debelada; ‘Limites à competição’ (Grupo de Lisboa) e The spirit level’ (Richard Wilkinson e Kate Pickett), onde se demonstra claramente o porquê de a ‘igualdade’ ser muito mais beneficiosa para todos do que as diferenças levadas ao limite pelo excesso de competição; e já agora também ‘Why kindness is good for you’ (David Hamilton), que lhe mostrará as vantagens da bondade e gratidão para a saúde de cada um e de todos!

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Espanha – ironias e vergonhas – Crónica 59

Ironias e extravagâncias dos temas atualmente em discussão pela sociedade espanhola…

- Indigna-me mais a dor infligida pelo desahucio (despejo) de uma pessoa em Espanha do que a dor pelas feridas causadas pelas ‘cuchillas’ ou concertinas para travar os imigrantes ilegais na fronteira de Melilla.

- Os esforços dos espanhóis “serão recompensados com ‘creces’ (acréscimos ou juros) no futuro”, disse o presidente Rajoy. Sim, com certeza cada espanhol será recompensado no céu, com sete virgens para cada um! Onde é que já ouvimos isto!?

- O atual sistema mata! “O capitalismo mata”, terá dito o Papa Francisco!

- As elétricas espanholas cortam a luz a 47 mil lares no que vai de ano (1,5 milhões em 2012) por falta de pagamento da fatura de consumo.

- A senhora Pilar Albert interrompeu na rua a princesa Letizia para lhe expor os problemas de que padece… Segundo o projeto de lei de ‘seguridad ciudadana’ (ou ‘lei da repressão’, como lhe chamam outros - o maior atentado à liberdade de toda a história da democracia) do Partido Popular no governo, talvez a sra. Pilar se arrisque a ser multada por ‘scratch’ (nome dado à ação de falar mais alto que um político) …


- Transparência Internacional diz que Espanha é o segundo país do mundo (em 1º está a Síria!) onde mais aumenta a perceção de corrupção (03.12.13)! O relatório CIS corrobora ao constatar que a corrupção se converteu no segundo maior problema para os espanhóis (depois do desemprego e à frente da crise económica!). Depois da série de escândalos que envolveram toda a linha de responsáveis do PP, o partido no governo mal tem legitimidade para existir quanto mais para governar…

- 7 demissões consecutivas de altos cargos das Finanças espanholas (Agência Tributária) devido a ingerências políticas que resultaram em pressões, desautorizações e dualidade de critérios em casos de fraude: anulação (ou perdão) de uma sanção milionária (€450M) à multinacional do cimento Cemex; aceitação de faturas falsas da infanta Cristina como válidas para não ter que a incriminar; … entre outros.
A Justiça espanhola está em causa: nos EUA o caso Madoff foi julgado (e punido) em 4 meses; em Espanha o caso da rede de corrupção Gürtel leva mais de 4 anos e meio…

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

O pior de dois mundos – Crónica 58

Nos anos 90, um homem de nacionalidade alemã a residir no Algarve dizia-me que estava ‘por aqui’ (fez o gesto da mão a passar pela testa) da Alemanha e das suas leis e controles, e por isso se tinha mudado para o sul do nosso país… Hoje recordo-o porque a presente reflexão me fez pensar que, com tantas regulamentações e controles, as coisas na Alemanha e países do norte da Europa ‘funcionam’! Naquela altura, nos países do sul como Portugal e Espanha (ou mesmo todos os do denominado ‘Club Med’), embora as coisas não funcionassem muito bem e se verificasse já um elevado índice de corrupção ao nível das ‘classes’ dirigentes, o controle e as regulamentações eram mais relaxadas e a população que não se implicava podia esgrimir um “desde que me deixem em paz” para continuar a viver a sua vida sem se incomodar demasiado…
 foto: Diário do Verde
 
Hoje, no entanto, com a tendência de aproximação das nossas leis às dos países ‘desenvolvidos’ e/ou subjugação às imposições da União Europeia, começamos também a estar ‘por aqui’ das regulamentações e perseguição do nosso Estado. Este entra, sem pedir licença, nas nossas casas e algibeiras, com a agravante de que aqui o acesso à participação da população na política se mantém controlado (tudo o que não venha da órbita dos partidos políticos ou da capacidade de ‘negociação’ e lobbying dos grandes grupos económicos, simplesmente não avança/funciona), ao mesmo tempo que continuamos a assistir ao deprimente espetáculo da corrupção no seio das ‘classes’ dirigentes, e ao da sua impunidade devido à ‘ineficácia’ (propositada?) da Justiça.

É por isto que Portugal e Espanha (extensível a Itália e Grécia) vivem o pior dos dois mundos: o pior dos países desenvolvidos com o seu excesso de regulações e controle, mas num Estado que não sabe ou não quer permitir que a sua população beneficie disso, que torna sufocante a sua pressão ao intrometer-se com duvidosa legitimidade nas suas vidas privadas (controlando o teu acesso à conta bancária; dizendo-te como educar os teus filhos; impondo-te o número de animais que podes ter; despejando-te de casa…) e esconde a sua incompetência na burocracia; e o pior dos países subdesenvolvidos com os seus elevados níveis de corrupção (por parte da mesma elite que ‘constrói’ as leis mas que também as sabe contornar e beneficiar delas) e os seus procedimentos para obstaculizar à participação ativa da população no processo governativo.