segunda-feira, 16 de setembro de 2013

O ‘mnha’ e as TVs nacionais - Crónica 56

O inventor do termo, ou melhor, deste irritante ruido bisilábico destinado a ganhar tempo durante entrevistas ou relatos foi o pivot da … (de qual dos canais?), José Alberto Carvalho. Falo da expressão mnha (cuja derivação pode ser também mnhe). Tal foi a sua difusão entre os atores dos media que, hoje em dia, qualquer jornalista/locutor que se preze não prescinde de utilizar a palavra(?) mnha um par de vezes durante o seu direto. O campeão, atendendo ao número de utilizações do mnha, passou a ser o locutor da TSF, Paulo Cintrão. Não falta um mnha em cada frase sua!
No afã de deixar uma marca pessoal no panorama das comunicações a nível dos media, inventam-se novos termos e expressões e estas, por alguma espécie de osmose verbal, pegam com a facilidade de uma Trepadeira em Sintra e sem discussão. Aqui vão alguns exemplos, passado que está (ou quase) um dos últimos que foi ‘desportos radicais’ (designação destinada a empolar jovens destemidos e a assustar idosos e inativos).

‘Nadador-salvador’: o termo é tão específico que não sei onde o encaixar (para além do âmbito praia) mas um rapaz brasileiro considerou-o de tal forma rebuscado e longo que só lhe ocorreu dizer “Pô, quando um cara acaba de chamar esse nome já tá morrendo afogado”!

‘Janela de oportunidade’: termo normalmente aplicado a atividades dependentes da meteorologia mas rapidamente adaptado para a economia, para o futebol e outros âmbitos…

‘Coredor’ (sim, não é ‘corredor’ é coredor): é o termo preferido, aplicado duas vezes em cada frase, por um comentador desportivo da TSF (havia um outro que dizia 'carborizar' aplicado à prestação de jogadores de futebol).

‘Meios aéreos’: é o termo mais em moda, sobretudo em época de incêndios, e talvez o mais desnecessário. Pergunta a jornalista: “E quantos meios aéreos têm no apoio?” Responde o bombeiro: “Um meio aéreo em operação. E outro meio aéreo a caminho”. Pergunta a jornalista: “E que tipo de meio aéreo?”. Resposta: “O meio aéreo em operação é um helicóptero e o meio aéreo que vem a caminho é… outro helicóptero”. Conclusão: muitas vezes é preferível dizer logo que se tem x aviões e y helicópteros do que andar a brincar com os meios aéreos!  

Por coincidência ou talvez não, tal como o ‘fundador’ do mnha pululou de canal em canal, também a programação dos 3 principais canais nacionais é estranha e diabolicamente similar: dos diretos musicais popularuchos, a partir de aldeias do interior, que ocupam toda a tarde do fim-de-semana; aos noticiários que difundem exatamente as mesmas notícias e entrevistas; aos intervalos de publicidade que coincidem no tempo e são preenchidos pelo mesmo anunciante! Para não falar daquela série que tem um cão polícia mais inteligente que o dono e que agora tem uma versão portuguesa que passa num canal concorrente exatamente à mesma hora do original!
Penso que é por isto, para não morrer de tédio e estupidez, e por nenhuma outra razão que muitos portugueses aderem aos canais por cabo. A grande esperança que era a RTP2, transformou-se agora num canal infantil (com um ‘Zig Zag’ que dura todo o dia). E os miúdos necessitam disso? Aliás, os pais delas aprovarão?
Ainda se discute como reorganizar os canais ‘temáticos’ da RTP… Sou da opinião de juntar a RTP Internacional, África e Noticias num só (partilhando o tempo de emissão) e acabar com a RTP2!