domingo, 27 de julho de 2008

As Crónicas do Zézinho ...

Crónica 3 - 25 Julho 08

Negócios à portuguesa

Estratégias à Portuguesa ? São dois casos de empresas portuguesas presentes em Espanha, e que se arriscam a ser mal sucedidos.
As estações de serviço (‘bombas de gasolina’) da Galp em Espanha, apresentam determinadas caracteristicas, curiosas e de pormenor, que podem passar despercebidas à maioria, mas que condicionam em absoluto o recurso de muitos condutores a essas estações, para abastecer a sua viatura. A dimensão dos numeros que indicam os preços dos combustiveis: ridiculamente pequenos, ao ponto de, numa via rápida, quando os conseguimos ler já passámos o desvio para entrar na estação !!! Será por uma questão de estética que os numeros são tão pequenos ? E então deixa-se sacrificar a escolha de muitos automobilistas por uma questão de estética, num negócio claramente de ‘massas’ ? Todos os concorrentes apresentam numeros grandes, visiveis ao longe e bem colocados. Ora, tambem neste ponto, aparentemente tão lógico e de senso comum, a Galp, em Espanha, falha! Dou um caso concreto: em Granada, na estrada de acesso à Serra Nevada, existe uma estação da Galp, talvez a que está estratégicamente melhor colocada em toda a cidade, e que é, provavelmente, a que menos clientes tem. Por dois motivos: 1- porque os preços do combustivel não se vêem desde a estrada; 2- porque os preços são, normalmente, mais elevados que os da concorrência mais próxima (Elf, Repsol, BP). E este facto não se pode entender, visto que neste negócio não tem sentido diferenciar-se por um preço mais elevado, nem por um qualquer sentido de estética. Quando, alem do mais, a Galp não faz qualquer tipo de publicidade que leve os espanhóis, tradicionalmente muito nacionalistas, a identificar-se com uma marca cuja origem, para eles é prácticamente desconhecida. Observei vários outros casos de estações de serviço em péssimas condições de limpeza, como uma em Salou/Tarragona, no levante espanhol. Eu passei a evitar a Galp em Espanha, por saber que tem preços mais elevados, em geral. Mas sobretudo, nem sequer tento identificar aqueles numeros tão pequeninos e colocados em locais de má visibilidade.
O segundo caso refere-se à Compal. Um pequena história, singela mas elucidativa. Eu próprio, de compras num hipermercado de Granada, passando os olhos pelas prateleiras de bebidas … No meio de tantas opções, vejo algumas embalagens da Compal, quase perdidas ali no meio. Reconheci a marca portuguesa e pensei em ‘dar uma ajuda’, para alem de que conhecía e apreciava o produto … e para alem do preço deste estar mais acima da maior parte dos seus concorrentes (o que tambem para mim não tinha justificação, pois não reconheço ao produto uma qualidade superior ao de alguns outros ali presentes). Acontece que, já em casa, ao abrir o envase (tipo Tetra), fiquei com a tampa na mão. Literalmente, ou seja, veio a tampa de plástico com a rosca atrás, impedindo-me de voltar a isolar a abertura da embalagem !!! Ora, foi caso para pensar: terá sido má sorte minha ?! Mas se só estavam ali duas ou três embalagens ??? ( a probabilidade daquele flop era logo de 33 a 50%). Para a próxima, de certeza que altero a minha opção de compra.
Estes dois casos vêem alertar para o modo de estar de algumas empresas portuguesas, mesmo as grandes, no estrangeiro. Ora, para estar, há que ‘estar bem’ ! Controlar o produto, como o fazem, provavelmente, no mercado nacional. Não é possivel deixar passar situações destas, dando a ideia de lá fora o produto está para lá abandonado … Sob pena de que os consumidores locais, que não sentem nenhuma afinidade com um produto provávelmente novo para eles, rápidamente encontrem uma justificação para não voltar a consumi-lo.

Jose Tavares
wild-side@clix.pt
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24 Junho 08

Orçamentos à balda


O recinto de hóquei em campo do Estádio Nacional (Cruz Quebrada), exibe um cartaz que diz “Obras de melhoramento … Orçamento: 240.000 Euros …”. 240 mil Euros ?!?! Mas esse valor não é o suficiente para comprar 2 apartamentos nos arredores de Lisboa ? O campo está ali à vista e não parece nada em tão mau estado. Aliás, eu assisti à construção do campo, há meia duzia de anos, e a alguns encerramentos posteriores para mudança do piso, para ‘obras’ de manutenção e outras alterações de estética. Não vejo o que está tão mal naquele campo, alem de que lhe seja dado pouco uso, mas parece-me que semelhante orçamento seria suficiente para construir dois recintos novos de raiz, mais do que reparar um que aparenta óptimo estado.

Esta situação faz-me lembrar duas outras. Uma da Câmara Municipal de Portimão que, entre 1997 e 1999, anos em que ali residi, tinha estacionados à sua porta uma dezena de jipes novos. Ora, se estavam ali estacionados todos os dias mais de metade deles, quer dizer que não faziam falta ! Então, das duas uma: ou imperava um péssimo planeamento e uma má gestão de meios ou quer dizer que os jipes não custaram dinheiro àquela autarquia. Outra, é a de um largo que existe em frente da minha casa, em Caxias, e que a Camara de Oeiras faz questão de manter em permanentes obras de cosmética … Pouco tempo depois de acabar uma obra, já está a começar outra para remodelar por completo o trabalho feito anteriormente.

Isto obriga-me a concluir que todas estas obras de ‘Santa Ingrácia’, não passam de uma estratégia para ‘lavagem de dinheiros públicos’, na qual obras sem qualquer relevância para a população (e meios de transporte cmo jipes) são orçamentadas acima do seu valor real, ou adjudicadas a troco de sabe-se lá o quê …

Mas não haverá tambem uma entidade que fiscalize estes orçamentos ? E não deveria constar naqueles cartazes a empresa a quem foi adjudicada a obra e como foi decidida a adjudicação, se por concurso ou outra forma ??? Já para não dizer o que é que consta do orçamento … 240 mil !?! Caramba ! Será que vão construir um palácio à volta do campo de hóquei ?

Jose Tavares
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20 Junho 08

Continuamos atrás


Quando estudei na Universidade (ISCTE), as classes extra de idiomas eram coisa que não existia … Ao estudar para uma pós-graduação na Alemanha, fiquei a saber que todos os alunos tinham não só a possibilidade de assistir a classes extra de idiomas, muitos idiomas (espanhol, francês, italiano, polaco, russo, …), que estas eram gratúitas, e que alem do mais tambem tinham muita informação e bolsas de estudo para programas de férias no estrangeiro para estudar e aperfeiçoar essas linguas, sem contar com inumeros programas de estágios em empresas. Esses estágios em empresas, que em Portugal, salvo alguma excepção, não existiam na altura (1992-94), bem como os programas de intercambio (tipo Erasmus), eram normalmente realizados durante o curso universitário e não no fim deste (com em Portugal, no caso do Erasmus).

Quando, em 1995, depois de terminado o meu curso superior na área de gestão de empresas, enviei o meu curriculum para a UNESCO, a resposta foi de que não podiam considerar candidaturas de portugueses porque Portugal não tinha um determinado acordo com aquela organização … !?!?!

Recentemente recebi uma oportunidade de trabalho no Canadá, como professor de ski, sendo que apenas necessitava de um visto de trabalho temporário. Contactei a Embaixada do Canadá em Lisboa, mas esta está presente apenas para fins comerciais e não trata de vistos. Assim, tive que contactar a Embaixada em Paris !?! A surpreendente resposta (cópia em baixo), foi de que Portugal não tem um determinado acordo com o Canadá … e que eu teria que consultar o sitio web x … Mas ao consultar este sitio web, e pelo que pude perceber, apenas fui remetido novamente para a Embaixada em Paris …

Entretanto, sei que vários companheiros de profissão em Espanha vão para o Canadá trabalhar, sem inconvenientes a assinalar.

Mas será que estamos sempre em último ? Que as ‘inovações’ nos chegam sempre tarde ? e que continuamos a estar em desvantagem e à margem de certos acordos internacionais que impedem os nossos cidadãos de concorrer a posições noutros países ?

Jose Tavares
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