quinta-feira, 30 de junho de 2011

Ao volante, da Venezuela a Algés - Crónica 45

Auto-estrada M4, um Audi inteligente, sem condutor?!
Não! Estamos no Reino Unido, a caminho de Cardiff, e os britânicos continuam a conduzir com o volante à direita!
Com estas ‘observações de um condutor em terra alheia’, pretendo fazer uma pequena comparação do que de mais característicos têm alguns hábitos e estilos de condução noutros países europeus.
E os ingleses, para além daquele hábito frustrante para o resto dos europeus, circulam com as luzes desligadas mesmo com chuva e a alta velocidade, em auto-estrada. Por outro lado, desviam-se rapidamente para a esquerda para te deixar passar pela faixa da direita ou, para a direita, para te deixar incorporar na auto-estrada quando vens de fora dela. A propósito, lembro-me como em 2004, num passeio por Londres, um colega ‘artístico’ e distraído, o romeno Catalin, deu um passo para a estrada olhando para a direita… e da sua cara de terror e as pernas a correr no ar, como nos desenhos animados, quando se deu conta que do lado esquerdo vinha lançado um autocarro de dois andares… Safou-se por pouco!
Já agora, falta-lhes o detalhe, generalizado, de oferecer luvas de plástico para o self-service da gasolina.
Na Alemanha, é frequente os camiões, mais lentos, pararem bastantes metros antes de um semáforo para deixar lugar a que uns quantos automóveis se adiantem.
O português tem fama de mau condutor. Creio que é conhecido e temido sobretudo pelas ultrapassagens perigosas, arriscadas e à tangente, a alta velocidade ou passando traços contínuos. E as maiores borradas actualmente são praticadas por condutores de potentes Audi e BMW.
Em Algés, por exemplo, são os peões quem se atira para o asfalto e quase para cima dos automóveis cujos condutores têm que circular muito atentos para não varrer nenhum…
Em Caracas, Venezuela, os semáforos não são tidos em consideração! Quando passas um sinal verde tens que avançar com toda a precaução porque é provável que venha algum lançado da rua perpendicular (que devia estar parado no vermelho). Mas na Andaluzia, pelo menos em Granada, abunda um personagem muito característico do asfalto: o ‘chulito’ - jovem do sexo masculino de 20 e poucos anos (que não raras vezes se arrasta até aos 30 e muitos) -, que poderíamos traduzir por ‘pintas’ (ou o que se ‘arma em bom’), e que é um verdadeiro perigo público ao volante. No seu Seat, ou outro modelo tuneado (decorado com adereços tunning), o chulito não se deixa ultrapassar! Passa traços contínuos, semáforos vermelhos, e faz razias aos peões sobre as passadeiras… À conta deste típico personagem, as estradas de Granada são das mais perigosas para circular. Muito mais do que as estradas portuguesas!

quinta-feira, 23 de junho de 2011

A Economia Carroussel - Crónica 44

Tal como o jogo da cadeira, em que cada vez que a música faz uma pausa, há um ‘actor’ que fica sem cadeira e salta fora do jogo. Os que continuam vão ficando mais fortes, mas também não estão livres de, repentinamente, perder a cadeira…! Esta é a economia-carrossel em que estamos mergulhados. “Não é uma economia de mercado. É uma sociedade de mercado!”, disse José Luís Sanpedro, depois de receber a ‘Medalha de Honra das Artes’ (09.03.11). Sanpedro, com 94 anos, recordou que não se pode admitir que 20% da população continue a deter 80% da riqueza do mundo e ainda por cima se de ao luxo de desperdiçar e mal-gastar. Trocámos os valores pelo ‘preço’! (expressão de Punset).
É contra o domínio destes ‘novos valores’ que se rebela o ‘Movimento 15M’ (http://www.facebook.com/Mov15M?sk=wall). Estou totalmente de acordo!

Fotos: concentração em Granada, em Maio; e em Madrid, em Junho