sábado, 3 de julho de 2010

Cépticos, ignorantes e o impacto no Planeta - Crónica 29

Na Crónica 23 (27.04.10), ‘Ambição e Impacto do Homem no Planeta’, escrevi que a WWF previu (em Março deste ano) que “se continuamos com este ritmo de consumo, em 2030 necessitamos de 2 planetas”. Mas, segundo o programa ‘Planeta Terra’ (21.Jun.10 no canal espanhol ‘La 2’), se toda a população do mundo vivesse como vive a população dos EUA actualmente, necessitariamos, agora, dos recursos de 3 planetas! O mesmo programa dizia também que há 50 anos o mundo tinha 5.000 grandes barragens e hoje tem 45.000! Prevê-se agora que a população mundial em 2050 chegue a 9 biliões. Actualmente são 6 biliões e metade dela vive com menos de 2 dólares/dia! Um consultor dizia que ‘podíamos’ explorar reservas de petróleo no Alaska sem perturbar a maior migração do mundo (a dos 3 milhões de caribus pela tundra ártica)… Um professor universitário, um cientista, um conservacionista, e o próprio naturalista britânico David Attenborough, discordavam, opinando que o benefício não compensaria o dano. Um deles afirmou: “É hora de ignorar os escépticos” (os que não acreditam que o Homem está a destruir o planeta) e avançar com urgentes medidas de ‘conservação’…
Recordo que 2009 foi o ano em que as catástrofes naturais mais pessoas mataram: 600.000. No que levamos de 2010, registei 25 ocorrências que causaram a morte a quase 202 mil pessoas. No dia 27 de Junho, o José Rodrigues dos Santos, noticiou na RTP1 que “cientistas prevêm que 2010 será o ano mais quente de que há registo”.
Mas, digo eu, alguns daqueles ‘cépticos’ não o são de verdade. São, sim, pessoas com interesses diferentes ou representantes delas (como o consultor): interesses económicos, que produzam benefícios pessoais no presente imediato!
Junto a estes dados actuais a recordação de uma carta que escrevi ao Presidente da Câmara Municipal de Portimão, em finais dos anos 90, ‘reclamando’ do desmesurado avanço do betão naquela cidade e do ‘esquecimento’ de prever alguns espaços verdes nesse processo. O Sr. Presidente não tardou a enviar-me uma revista do município cheia de fotografias de relva e flores coloridas … Para ele, ‘espaços verdes’ eram os ajardinados, incluindo os dos separadores de vias rodoviárias, como o dos bonitos loendros tricolor da via do Infante! Deu-me vontade de rir … e depois, de chorar! Continuo a surpreender-me com a ‘falta de visão’ demonstrada pelos nossos ‘dirigentes’, e a ideia que nos dão de serem sempre os últimos a ter conhecimento e a adoptar medidas progressistas (como as que surgem no campo da ecología e ‘conservação’) se estas não se puderem converter em benefícios económicos no curto prazo. As ciclovias, por exemplo, chegaram tímidamente a Portugal quando o resto da Europa, a Austrália e outros, já estavam inundados delas.
No ‘velho continente’, se quisermos encontrar vestígios da floresta original europeia, onde ainda vivam alguns dos grandes mamíferos selvagens autoctones, como bisontes, resta-nos o diminuto Parque Nacional Bialowieza (com carvalhos de 40 m de altura, como o ‘Tzar oak’ de mais de 800 anos), repartido entre a Polónia (105 km2) e a Bielorússia (876 km2) – as áreas correspondem apenas à parte considerada ‘Património da Humanidade’ e ‘Reserva da Biosfera’ (o nome Bialowieza, corresponde à parte polaca).
Fotos (dunas no deserto da Namibia; duna 45, a mais alta)