domingo, 8 de agosto de 2010

O ‘Estatut’ catalão - Crónica 31

O presidente Zapatero deixa antever uma aproximação ‘perigosa’ às intenções dos governantes da Catalunha. Esta Comunidade Autónoma quer ver aceite a palavra ‘nação’ no texto de reforma do seu ‘estatuto’. Os juízes deliberaram que a Constituição não o permite. Agora até já se fala em “compensar os danos provocados pela decisão do tribunal”!?! O que está claro, são as intenções dos dirigentes catalães: a independência. Uma parte da população da Catalunha (cerca de 16%) está de acordo. Mas, em vez das esperanças que dá Zapatero, seria mais importante explicar aos catalães o que é que eles teriam a ganhar com uma eventual independência. Primeiro: a própria Espanha não tem nada a ganhar em perder a sua comunidade mais próspera, antes pelo contrário - tal facto constituiria um perigoso precedente ao alimentar as ambições de independência de outras comunidades (País Basco, Andaluzia ou Galiza). Em segundo lugar, sendo a Catalunha uma parte de Espanha, o lógico seria que se falasse de um referendo a nível nacional em vez de a nível da Comunidade Autónoma, pois a independência desta diz respeito não apenas à vontade desse conjunto de pessoas mas sim a todos os cidadãos de um país, do qual essa Comunidade faz parte.
Em relação às supostas vantagens para os catalães, isso é algo que urge desmistificar. De facto, os cidadãos daquela Comunidade não têm absolutamente nada a ganhar em ser uma nação independente, mas têm bastante a perder. Numa era em que o planeta é, cada vez mais, ‘um só’, em que os países e mercados tendem a unir-se procurando o alargamento das suas zonas económicas (União Europeia, NAFTA, …) e em que se questiona a viabilidade de pequenos países (com mercados internos de reduzida dimensão), bem como os elevados custos de manter administrações regionais, simplesmente não faz sentido pensar em divisões territoriais baseadas em nacionalismos bacocos ou utilizando diferenças de língua para camuflar interesses minoritários. Os únicos que verdadeiramente têm a ganhar com a eventual independência da Catalunha são uma meia dúzia de políticos que se vão forrar com o controle de maiores orçamentos e um alargamento das suas esferas de poder. E são estes quem, de facto, estão a lutar por este processo (outros deixam-se mover por arrasto). Ainda por cima, cometendo a deslealdade de se aproveitarem de um período de crise global em que a população, naturalmente, está descontente e, por ignorância, acredita que a independência a pode retirar de tal aperto. Para a população catalã em geral: '0' vantagens. Quando muito algum aumento artificial de 2 ou 3 euros nos salários, a curto prazo, e a ilusão de possuir uma identidade própria… Vergonha, senhor José Montilla e seus lacaios.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Sibéria com altas temperaturas... - Crónica 30

A Rússia sofre as piores secas dos últimos 130 anos, com temperaturas de 40º. O calor arruína uma área de cultura idêntica à superfície de Portugal. “As previsões indicam que os impactos das alterações climáticas aumentarão em muitos lugares e os fenómenos extremos serão mais frequentes”, assegura Ahira Sánchez-Lugo, de Porto Rico, cientista da Administração para a Atmosfera e Oceanos dos EUA (NOAA). O mês de Junho foi o mais quente desde que se começaram a tomar registos globais, em 1880. Levamos 304 meses consecutivos com temperaturas globais acima da média do séc. XX, revelam as análises, e 2010 está a caminho de se converter no ano mais quente da história…
À mesma conclusão chegou o climatólogo James Hansen, do Instituto Goddard para Estudos Espaciais da NASA (adaptado de ‘El Mundo’, 25.07.10).
Com a seca vieram os incêndios. No inicio de Agosto, contaram-se mais 600 incêndios que provocaram a morte a 40 pessoas e a evacuação de 4.000. A área ardida equivale à superfície de … Portugal!
A Rússia continua a possuir a maior extensao de floresta do planeta, com 8,1 milhoes de km2, mas, segundo a ONG Global Forest Watch, apenas 9% (289 milhoes de ha) das áreas florestais deste país permanecem intactas (antes dos fogos).
(foto: EPA)