quinta-feira, 20 de maio de 2010

Limites ao capital especulativo - Crónica 25

“É mais difícil que um rico entre no reino do Céus que um camelo passe pelo olho de uma agulha” (segundo o Evangelho, in ‘La Roca de Tanios’, de Amin Maalouf); “Politicos, banqueiros e empresários tinham-se dedicado a jogar à roleta russa com a economia mundial e tinham acabado de lhe fazer voar a cabeça.” (in ‘Kalashnikov’, de Vázquez-Figueroa)…
A sociedade, e os políticos em especial, deixam-se ser marionetas nas mãos de investidores irresponsáveis e sem escrúpulos que governam a economia mundial. Nem os ‘ricos’ querem ‘entrar no Céu’, nem a sociedade devia aceitar que seja o capital especulativo a determinar o seu rumo! Eu não aceito! Saúdo a decisao de hoje da Angela Merkel.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Darwin em Granada - Crónica 24

“A mulher, esse espécimen tão interessante”, ou ‘tão stressante’, como exclamou um turista espanhol ao ler o painel numa das salas da exposição sobre o famoso naturalista, no ‘Parque de las Ciencias’ de Granada. A expressão é do metódico Charles Darwin, que elaborou uma lista de prós e contras para escolher um ‘feitio’ de mulher que se adaptasse ao seu (a curiosidade irrequieta e a dedicação ao estudo). Concluiu por uma ‘esposa de sofá’. E acertou!
Há uns anos tentei escrever um ensaio com humor sobre curiosidades e experiências em vários países. Chamei-lhe ‘Insólitos de um viajante’ e dizia sobre Espanha que: «resulta ser um dos países mais herméticos da Europa ocidental (refiro-me mais à Andaluzia, mas creio poder generalizar para lá desta comunidade autónoma). Digo isto apesar de reconhecer, por exemplo, as crescentes relações entre espanhóis e portugueses (relações afectivas, mais do que aos negócios): o número de casamentos, os trabalhadores em ambos lados da fronteira, os futebolistas portugueses ali admirados, etc). A vantagem de tal atitude é a de que se preserva melhor a sua cultura … É significativo que mega-cadeias americanas, na moda, como a McDonalds, não tenham tanto sucesso na Andaluzia como noutras regiões europeias. Em resposta ao fenómeno ‘Mac’, tornaram-se populares redes de pronto-a-comer de raiz espanhola (o que é estupendo) como a Pans&Company ou a Bocatta, e nunca deixaram de o ser os bares de tapas, que têm em Granada a sua ‘capital’!
Os andaluzes amam a sua música e não escutam tanta música anglo-saxónica como os portugueses (ou serão os portugueses que não escutam tanta música nacional como os espanhóis?!). Ali, os filmes são dobrados para castelhano. As legendas não são usadas. Chegam a traduzir as músicas e, por vezes, alguns nomes próprios de pessoas, de cidades ou provincias! Isto pode ser vantajoso e até ser divertido, mas o pior, é não podermos escutar as vozes dos nossos actores famosos preferidos! Imaginam uma gargalhada do Eddie Murphy ou expressão do Bart Simpson dada por uma voz castelhana?!?». Outra curiosidade é a de alguns diminuitivos de nomes próprios, usados sem aparente relação (Paco de Francisco; Pepe de José …). Prezo muito a cultura andaluza, as suas tradições e o bom gosto, mas quem diabo se lembraria de chamar ‘Curro’ a um miudo de 5 anos (também quer dizer ‘trabalho’) e ‘Covadonga’ (uma vila asturiana) a uma menina de 7…!?!

Nota: a exposição ‘Darwin’ permanece no Parque das Ciências de Granada, até Outubro; entrei lá por acaso, mas curiosamente era o único dia do ano em que não se pagava entrada (a mesma coincidência passou-me em 2004, no Coliseu de Roma!!!)
(Fotos: Granada e arredores)