O
inventor do termo, ou melhor, deste irritante ruido bisilábico destinado a ganhar tempo durante entrevistas ou relatos
foi o pivot da … (de qual dos canais?), José Alberto Carvalho. Falo da expressão
mnha (cuja derivação pode ser também mnhe). Tal foi a sua difusão entre os
atores dos media que, hoje em dia, qualquer
jornalista/locutor que se preze não prescinde de utilizar a palavra(?) mnha um par de vezes durante o seu
direto. O campeão, atendendo ao número de utilizações do mnha, passou a ser o locutor da TSF, Paulo Cintrão. Não falta um mnha em cada frase sua!
No
afã de deixar uma marca pessoal no panorama das comunicações a nível dos media, inventam-se novos termos e expressões
e estas, por alguma espécie de osmose verbal, pegam com a facilidade de uma Trepadeira
em Sintra e sem discussão. Aqui vão alguns exemplos, passado que está (ou quase)
um dos últimos que foi ‘desportos radicais’ (designação destinada a empolar jovens destemidos
e a assustar idosos e inativos).
‘Nadador-salvador’:
o termo é tão específico que não sei onde o encaixar (para além do âmbito
praia) mas um rapaz brasileiro considerou-o de tal forma rebuscado e longo que só
lhe ocorreu dizer “Pô, quando um cara acaba de chamar esse nome já tá morrendo
afogado”!
‘Janela
de oportunidade’: termo normalmente aplicado a atividades dependentes da
meteorologia mas rapidamente adaptado para a economia, para o futebol e outros âmbitos…
‘Coredor’
(sim, não é ‘corredor’ é coredor): é o termo preferido, aplicado duas vezes em
cada frase, por um comentador desportivo da TSF (havia um outro que dizia 'carborizar' aplicado à prestação de jogadores de futebol).
‘Meios
aéreos’: é o termo mais em moda, sobretudo em época de incêndios, e talvez o
mais desnecessário. Pergunta a jornalista: “E quantos meios aéreos têm no apoio?”
Responde o bombeiro: “Um meio aéreo em operação. E outro meio aéreo a caminho”.
Pergunta a jornalista: “E que tipo de meio aéreo?”. Resposta: “O meio aéreo em
operação é um helicóptero e o meio aéreo que vem a caminho é… outro helicóptero”.
Conclusão: muitas vezes é preferível dizer logo que se tem x aviões e y
helicópteros do que andar a brincar com os meios aéreos!
Por
coincidência ou talvez não, tal como o ‘fundador’ do mnha pululou de canal em canal, também a programação dos 3 principais
canais nacionais é estranha e diabolicamente similar: dos diretos musicais popularuchos,
a partir de aldeias do interior, que ocupam toda a tarde do fim-de-semana; aos
noticiários que difundem exatamente as mesmas notícias e entrevistas; aos
intervalos de publicidade que coincidem no tempo e são preenchidos pelo mesmo
anunciante! Para não falar daquela série que tem um cão polícia mais inteligente
que o dono e que agora tem uma versão portuguesa que passa num canal
concorrente exatamente à mesma hora do original!
Penso
que é por isto, para não morrer de tédio e estupidez, e por nenhuma outra razão
que muitos portugueses aderem aos canais por cabo. A grande esperança que era a
RTP2, transformou-se agora num canal infantil (com um ‘Zig Zag’ que dura todo o
dia). E os miúdos necessitam disso? Aliás, os pais delas aprovarão? Ainda se discute como reorganizar os canais ‘temáticos’ da RTP… Sou da opinião de juntar a RTP Internacional, África e Noticias num só (partilhando o tempo de emissão) e acabar com a RTP2!
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