quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Fantasia e justiça social! - Crónica 38

Nem de propósito! Depois de em Wall Street se ter levantado, de novo, o fantasma dos prémios dos executivos de grandes empresas financeiras americanas intervencionados com dinheiros públicos no inicio da actual crise internacional – foi estimado em 104 mil milhões de Euros o valor dos ganhos em prémios pelos executivos das empresas da maior praça bolsista do mundo, o que representa 4% mais dos que no ano de 2009 que já tinha sido um recorde (TVE1, 13.10.10); e depois daquele e-mail que circulou por aí mostrando como 20 administradores de empresas públicas portuguesas (vinte, enfatizo) recebem 52,8 milhões de euros por ano (desde os 58,8 mil euros/mês do administrador da Carris aos 371 mil/mês do administrador da CGD e aos 420 mil do da TAP, mais prémios, 13º mês e subsídios), o suficiente para dar emprego a 4.190 funcionários públicos (a 900 euros/mês, ou a 6.285 pessoas se recebessem 600€/mês, que é mais que o salário mínimo)! Quem fez circular este e-mail exclamava no final: “E depois ainda querem saber se a malta está disposta a abdicar do subsídio de férias e/ou Natal para ajudar o país…”; e considerava ‘escandalosos’ e ‘ofensivos’ os salários pagos pela RTP aos seus directores e jornalistas, uma empresa financiada com dinheiro dos contribuintes e que dá prejuízo (José Alberto Carvalho, como director de informação, tem um vencimento ilíquido, e sem contar com as ajudas de custos, de 15.999 euros por mês)! A EDP ficava fora desta lista, mas o seu administrador, António Mexia, esteve recentemente na televisão a tentar explicar o inexplicável: a barbaridade que representa o volume recorde dos prémios que recebeu… O governo vem, só agora, proibir a acumulação de vencimentos e pensões na função pública. Como é que isto foi possível até hoje? Se a medida se destinasse a ‘povinho’ provavelmente teria efeitos retroactivos, mas sendo para a classe dirigente…
Depois destes dados, dizia, a RTP1 (em Jornal da Tarde de 10.11.10) entrevistou uma funcionária do sistema fiscal suíço. Vejam só: na Suíça, o máximo que uma pessoa pode receber de reforma são 1.700 euros por mês (considerado o suficiente para uma vida condigna), para além de eventuais benefícios a titulo privados. O Estado garante, desta forma, o essencial aos mais necessitados. Democratizando o sistema sem comprometer o orçamento da segurança social. Afinal aquilo que eu defendia, como se recordarão os que comigo falaram sobre o tema! Por cá, continuamos a viver no ‘País das maravilhas’!!!

Sem comentários: