Desde meados do século anterior que os principais avanços no bem-estar da humanidade se devem aos meios que encontrámos de aproveitar melhor o que a Terra nos oferece. Com os alimentos que consumimos, a madeira que cortamos, a água e os minerais que extraímos, “o ser humano utiliza hoje 30 a 50% do que produz o ecosistema global”* - segundo um relatório da FAO (Janeiro 2010), 52% dos recursos marinhos estão esgotados (em 2048 poderão não existir mais peixes nos oceanos). A ONG WWF, estima que “se continuamos com este ritmo de consumo, em 2030 necessitaremos de 2 planetas”. Eis outros números preocupantes do impacto do Homem no planeta Terra, (edicão NG, ‘O pulso da Terra’, dedicada a explorar o novo paradigma do século para a humanidade – “melhorar a qualidade de vida sem destruir o meio ambiente nessa tentativa”): a população humana atingiu a cifra de 6,6 biliões de habitantes; pela primeira vez na história, metade da humanidade vive em cidades; são já 21 as megalópolis (cidades com mais de 10 Milhões de habitantes); transformámos 35% da superficie emersa do planeta em campos de cultivo e pasto para o gado (sendo que grande parte da superficie restante é inóspita e inabitável); há 100 anos, 90% do território da Tailândia estava coberto por florestas, hoje são apenas 20%...
Mas nem por isso tanto crescimento, resultado de uma exploração desmesurada do planeta, conseguiu repartir a prosperidade. Bem pelo contrário, este veio revelar e acentuar enormes desequilíbrios sociais e injustiças insustentáveis: os 50% da população mais pobre detém apenas 1% dos recursos mundiais, enquanto o 1% dos mais ricos detém 40% dos recursos; as duas pessoas mais ricas do mundo possuem uma fortuna superior ao PIB combinado dos 45 países mais pobres, enquanto os países do G20 controlam 86% da economia mundial (em 2000, 20% da população do globo realizou 85% do consumo mundial, enquanto outros 20% apenas consumiram 1,3%)!!! Políticos com dificuldade em aumentar as audiências ou em fim de carreira, atrevem-se, por fim, a fazer afirmações óbvias e reveladoras: David Cameron, líder do Partido Conservador britânico, disse em 2006, “É hora de que reconheçamos que a vida é muito mais do que dinheiro”; António Guterres, ex-primeiro ministro, agora ao serviço das Nações Unidas, lembrou em 2008, num canal de televisão, a expressão irónica “Se os ricos não cuidam dos pobres, os pobres ‘cuidarão’ dos ricos”. Amin Maalouf (Libano, 1949), repórter e escritor, desvela o «desregramento na nossa escala de valores» e questiona se a «aventura humana» em que embarcámos terá atingido um «limiar de incompetência moral» (in ‘Um mundo sem regras’). É que, no meio de tanta hipocrisia e tanto ‘aproveitamento para beneficio de uns poucos’, com «as nossas instituições financeiras mais veneráveis» a comportar-se «como delinquentes embriagados», alguns dos estados supostamente mais desenvolvidos do planeta ainda reivindicam a posse de porções de território no fundo do Ártico, na Antártida e, possivelmente, na Lua! (excerto do livro ‘Os novos exploradores e a a ventura dos sentidos’ – mais em http://aventuraaomaximo.blogspot.com)
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