A National Geographic, no seu filme ‘6 graus que podem mudar o mundo’ e na sua revista (edição ‘España’ de Agosto e Dezembro de 2009), lança novos dados preocupantes para o futuro do mundo, que não podem deixar ninguém indiferente: em 40 anos os glaciares dos Himalaias podem desaparecer; em 50 anos o desgêlo da Groenlândia será irreversivel; a frente do glaciar Cook (na Georgia do Sul) tem agora um metro de altura, por isso foi invadida por pinguins - antes tinha 20 metros de altura; nos proximos 30 anos os incêndios na Austrália serão ainda piores e a sucessão entre secas e inundações pode tornar-se normal; actualmente o Reino Unido já tem mais de 480 vinhedos e também olivais, porque o clima das ilhas está mais ameno;
A pegada de carbono (CO2) dos hamburgers com queijo: 200M de m3 de gases de estufa (inclui o metano produzido pelo gado); 35% dos cereais do mundo são usados para alimentar gado e não pessoas (apesar da fome em vários países); em 2008, mais de 3,5 milhões de hectares de floresta foram danificados ou destruidos (em parte para criar gado ou produzir cereais); 80% das emissões poluidoras são de países desenvolvidos;
Se a temperatura da Terra subir 2 graus: os glaciares da Groenlândia desaparecem; os ursos polares podem extinguir-se; as ilhas Tuvalu ficam submersas; um terço da floresta Amazónica pode desaparecer até ao fim do século;
Face a dados como estes, Amin Maalouf, escreve em “Um mundo sem regras” (2009): A relação do sistema “com o dinheiro e com a maneira de o ganhar tornou-se obscena. Que não se tenha vergonha de enriquecer, compreendo. Que não se tenha vergonha de saborear os frutos da prosperidade, também aceito; a nossa época propõe-nos tantas coisas belas e boas que seria um insulto à vida recusar desfrutar dela. Mas que o dinheiro seja completamente desligado de toda a produção, de todo o esforço físico e intelectual, de toda a actividade socialmente útil? Que as nossas praças bolsistas se transformem em gigantescos casinos onde a sorte de centenas de milhões de pessoas, ricas ou pobres, seja decidida num lance de dados? Que as nossas instituições financeiras mais veneráveis acabem por se comportar como delinquentes embriagados? Que as economias de toda uma vida de labor podem ser aniquiladas ou multiplicadas por trinta em alguns segundos e segundo processos esotéricos que os próprios banqueiros já não compreendem? Isso é uma perturbação grave (…) Será necessário acrescentar com todas as letras que este desregramento financeiro é também, e talvez acima de tudo, o sintoma de um desregramento na nossa escala de valores? (…) Fazer do dinheiro o critério de toda a respeitabilidade, a base de todo o poder, de toda a hierarquia, acaba por esfarrapar o tecido social.”
Como pude comprovar nas viagens a glaciares em perigo (e escrevi em http://icecare.blogspot.com), neste momento, os efeitos do aquecimento global são visiveis em permanência nas latitudes mais elevadas (perto dos pólos) e a grandes altitudes (digamos, acima dos 2.500 metros). Em latitudes mais baixas (perto dos trópicos) aqueles efeitos assumem a forma de fenómenos pontuais e violentos, mas a sua frequência e intensidade está a aumentar assustadoramente! Falo de furacões, tempestades de areia e neve, cheias, secas … Parte desta responsabilidade é de todos nós!
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