Se é verdade que existe uma relação tão directa entre riqueza, consumo e poluição (ver crónica 17, de 19.07.09), que domina a sociedade ocidental actual, então, também a cada pessoa devia estar associada uma quota de consumo/poluição (tal como existe a nível de certos países, no caso da poluição, no caso da produção de leite ou cereais, ou no caso das capturas piscícolas), dentro da qual estaria permito ‘respirar’ a qualquer um, independentemente dos seus rendimentos. No caso dos impostos e dos preços dos serviços básicos (água, luz, habitação, etc.) é necessário criar uma ‘bolsa de ar’, um escalão mínimo dentro do qual nenhum cidadão (desempregados, reformados, trabalhadores temporários, os que auferem salários mínimos) tenha que agonizar para se manter à tona de água. Para lá daquela quota, a cobrança de bens e serviços (

A imprensa espanhola surpreendia-se com a alta taxa da população do país, a mais elevada da Europa, que investe na compra de casa própria! Mas o que é que esperavam, quando o valor mensal de um arrendamento é idêntico ao da hipoteca a pagar ao banco?! Facilmente se encontrarão estatísticas que mostram que o peso dos gastos com a habitação no orçamento das famílias, que passou de uns 15% há umas décadas para próximo dos 50% actualmente. As casas modernas têm rendas incomportáveis para a maioria (paralelamente, observo o aumento do número de pessoas que passou a viver em auto-caravanas). A habitação é um bem essencial e, como tal, para que os cada vez mais aflitos possam ter acesso a ela, este sector devia estar sujeito a uma regulação bastante mais estrita.
O consagrado escritor Amin Maalouf disse que a geração jovem de hoje será provavelmente a primeira da história que vai viver em piores condições que a anterior. Agora digam lá, qual é a ‘lógica’ mais lógica?! A máxima capitalista que beneficia poucos e grandes, ou uma lógica mais social e justa que tente não excluir e não deixar ninguém com a corda na garganta!?
Designado por ‘último paraíso terrestre’, o caso do Butão é exemplar: “o governo deste ‘país das plantas medicinais’ desenvolveu e aplicou o conceito inovador de ‘Felicidade Interna Bruta’, por considerar que o bem-estar emocional da população é mais importante do que o desenvolvimento material…”, escrevi na crónica 33 (de 14.09.10). A China, por sua vez, que não tem sido nenhum exemplo, anunciou recentemente que o objectivo das novas políticas do governo para os próximos 5 anos é o de reduzir a diferença entre ricos e pobres. Vamos lá a ver se o grande dragão asiático dá uma lição ao Ocidente.