A chuva de “Concursos-relâmpago” nas autarquias de há um ano atrás é apenas uma amostra disso: “Desde Agosto, as câmaras municipais portuguesas, endividadas até aos ossos, já abriram 82 concursos com carácter de urgente, no valor de perto de 100 milhões de euros. Com prazos, em muitos casos, de apresentação de propostas de não mais de 72 horas. Se isto não levanta dúvidas, não sei o que mais pode levantar”.Se bem te percebo, Paula, consideras mesmo que o novo fôlego da luta pelas autonomias se insere neste capítulo dos caprichos...
Paula, deixa-me tentar seguir o teu raciocínio, resumindo algumas das expressões mais ilustrativas que registaste: Seguidores de Freud descreveram os ‘acumuladores de riqueza’ como o «tipo anal», cujo impulso é amontoar dinheiro e bens por causa do seu atrofiado desenvolvimento emocional e de conflitos não resolvidos - Freud argumentara que coleccionar e acumular era um substituto da conquista sexual (Geraint sugere que “o ego de um homem está frequentemente na proporção direta e inversa da sua inteligência”).
“Os ricos conseguem mais açúcar que o resto de nós... E sempre que um animal consiga mais quantidade de um recurso, isto fará mudar a conduta do animal” (Richard Conniff). Glenn Weisfeld, psicólogo da Universidade de Wayne, acrescenta sobre a conduta que, «ser irrespeituosos é precisamente o que fazem os indivíduos dominantes». Os tiques e obsessões desenvolvem-se mais em crianças vítimas de pais autoritários e mães hiper-protectoras. As personalidades de tipo ‘triplo A’ (que consubstanciam aquela conduta) “erosionam a sociedade” (na Alemanha, por exemplo, a percentagem de chico-espertos e ‘triplos A’ é notoriamente inferior à dos países latinos)... Geraint Anderson adianta o exemplo da Goldman Sachs (ou ‘Sucks’ de ‘mete nojo’, como a ela se referiam na City) que revelava uma preferência por aqueles que foram provavelmente vítimas de bullying na escola (segundo alegadas informações de psicólogos ao departamento de RH do banco) - são estes quem mais estão dispostos a trabalhar até às 4 da manhã e aos fins de semana para terminar um trabalho pois estão “desesperados por provar-se a si mesmos”. Estes bancos e correctoras sabem que o sonho de todo o sabichão (‘geek’) vítima de bullying é ganhar suficiente dinheiro para conseguir aquela namorada vistosa e “comprar o Ferrari e depois certificar-se que os seus antigos atormentadores sabem disso” - como quem diz «Agora sou alguém! Sou um vencedor!» -, embora, no fundo, eles saibam que continuam a ser os “mesmos idiotas patéticos por dentro”.