As professoras da escola contavam-nos como rei e vassalos, senhores das terras, cobravam o ‘dízimo’ ao povo. ‘Crápulas’, pensáva-mos, e ria-mos à sucapa, com ironia. Hoje aceitamos como natural a cobrança de impostos, mas os ‘novos reis’ já não cobram apenas 10% … Chegámos aos 21% (IVA), fora o IRS e mais não-sei-quanto de impostos indirectos !!! Tudo para alimentar o apetite devorador de um Estado completamente mal gerido (podemos falar em gestão, quando a maioria dos decisores, politicos e autarcas, nem sequer são gestores de formação ?!). Uma das primeiras regras a apreender num curso de gestão é: só existe necessidade de ‘gerir’ quando os recursos existentes são limitados. Ora, parece que no caso de algumas autarquias, os seus dirigentes pensam que os recursos são ilimitados … (as autarquias, supostamente, não se podem endividar, mas em Portugal fazem-no uma em cada seis)
A maioria continua a acreditar na falácia mais bem preservada dos últimos tempos – a de que “a democracia não é um sistema perfeito, mas é o melhor que temos”. É que agora, em vez de o poder se concentrar numa pessoa só, ele concentra-se em várias. Cada uma delas constitui o seu feudo, impenetrável, com a sua teia de compadrios e favores. E vai ‘chupando’ o que pode … Temos assim vários ‘reis’, em vez de um só. Chamam-lhe ‘democracia’, mas na verdade vivemos numa espécie de … ‘poli-monarquia’! Estas pessoas apegam-se ao lugar, que consideram seu, formando ‘clubes herméticos’ de dificil acesso. Na verdade, deveria haver uma rotação obrigatória de cargos de poder. Sem deixar prolongar mandatos nem, sobretudo, acumular cargos. Sem deixar que uns estendam as suas redes de poder e se acomodem (veja-se a vergonha do governo da Madeira!!! E da Câmara de Oeiras, cujo Presidente nunca explicou as suas contas na Suiça). A melhor forma de democracia alcança-se partilhando mais os cargos importantes: que sejam mais a ter a responsabilidade e o aparente ‘benefício’ do posto que têm.
Ainda há quem defenda (nas alas liberais) que para termos bons politicos, temos que lhes pagar bem … Visão economicista esta, que pretende demonstrar que o politico é bom se receber muito dinheiro, mas esquece que uma visão humanista demonstraria que aquele que faz depender a sua bondade da quantidade de dinheiro a receber, então não pode ser boa pessoa. Isso tem outro nome …
É claro que podemos (re)inventar sistemas melhores. Que fossem beber e misturem um pouco das várias correntes politicas. Até o comunismo tem os seu pontos positivos, se aplicados a certos aspectos da sociedade. O primado do capital sobre tudo o resto é que já provou ser profundamente injusto e irresponsável. Uma maior partilha de cargos, por exemplo, reduziria o custo de oportunidade geral: é que por cada cargo acumulado e ocupado por mais tempo, são mais as pessoas que deixam de poder aspirar a essa posição (na politica, como nos negócios) - visão economicista, com lado humanista !
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
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