sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Mais noticias da Suiça !! - Crónica 8







Eis algumas fotografias da última Inferno Race de Mürren (um ski resort de Interlaken, Suiça). A Inferno tornou-se no no maior evento de ski amador do mundo, sendo também a mais longa e mais antiga prova. Esta e a ‘Arlberg-Kandahar’, da Austria, foram criadas em 1928, por um grupo de esquiadores fanáticos de Inglaterra, encabeçado por Sir Arnold Lunn (1889-1974), alpinista e esquiador pioneiro, considerado o pai das corridas de ski apino
Realiza-se anualmente com uma participação limitada a 1800 concorrentes (não federados na FIS) e um percurso de 15,8 km, que parte do topo do Schilthorn (2.970m), conhecido por aí se ter desenrolado uma cena do filme de ‘James Bond’, para chegar à vila de Lauterbrunnen. Na primeira edição da ‘Inferno’ (29.01.28), todos os esquiadores partiram ao mesmo tempo, sendo que quem dava a partida era um deles. Aqueles que não se atreviam a descer a primeira secção (hoje uma pista negra), juntavam-se mais abaixo depois dos primeiros passarem. O vencedor foi Harold Mitchell, que percorreu os 12 km em 1h12’ (apenas uma mulher se juntou aos pioneiros – Doreen Elliott, que terminou em 4º lugar). Na linha de chegada encontrava-se um homem, magoado num tornozelo e que por isso não podia correr, registando os tempos e comparando-os com a hora de partida (informada por Sir Arnold, o 6º a chegar), para fazer as contas e definir a classificação. Em 1929 e 30 os ingleses dominaram e após 5 anos de interregno o Club de Ski de Mürren tomou conta da organização (interrompida durante a II Grande Guerra), passando a partida a fazer-se de um-em-um. Em 1967, com a conclusão do teleférico que chega ao topo (na altura o mais longo e moderno do mundo), a prova ganhou novo impulso.
A 24 de Janeiro de 2009, a 66ª edição, os concorrentes partiram em intervalos de 15 segundos (sendo que cerca de 2.000 pretendentes ficaram de fora da corrida por exceder o limite) e o percurso foi reduzido a 9,7 km, devido a condições atmosféricas adversas no cume. Os tempos variaram entre os mais de 10 e os 45 minutos.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Contradições Suiças !?! - Crónica 7




No fim de semana de 17-18 de Janeiro 09, tive oportunidade de assistir ao vivo à famosa corrida de ski em Wengen (região de Interlaken, no centro da Suiça) – a Lauberhornrennen – a contar para o Campeonato do Mundo de Ski. Os grandes do ski mundial desfilaram a sua técnica e velocidade: Bode Miller (EUA), Benjamin Raich (AUS), Herman Mayer (AUS), Jean Baptiste Grange (FRA), Ivica Kostelic (CRO, na segunda foto), … Pude captar alguns deles em fotografia, numa corrida considerada das mais dificeis. Na vertente Combinação (Descida + Slalom) do dia 16, venceu o suiço Carlo Janka. Na Descida de dia 17, venceu o suiço Didier Defago com 2’32’’ (seguido do americano Bode Miller e do austriaco Marco Sullivan). Na vertente Slalom os austriacos dominaram, arrecadando os 3 primeiros lugares: Manfred Pranger, Herbst e Benjamin Raich.
No próximo fim de semana tem lugar em Mürren (do outro lado do vale em relação a Wengen) a famosa corrida popular de ski – a ‘Inferno’ – 15 km non stop (os melhores tempos são de 7 a 10 minutos, o suficiente para deixar as pernas como gelatina). As inscrições estão encerradas desde o verão passado. São 1800 concorrentes amadores (quase 2.000 pretendentes ficaram de fora).
Nas pistas de ski e montanhas do sistema Jungfrau, vivem-se momentos inesqueciveis: dos esquiadores que disfrutam de uma paisagem extraordinária frente aos glaciares património da UNESCO, aos turistas asiáticos (sobretudo do Japão, Corea e Singapura) que, em grandes grupos enchem os pequenos comboios que os elevam ao Jungfraujoch – Top of Europe (a estação mais alta da Europa, a 3.454m), aos menos desportistas que passeiam pelas ruas livres de automóveis de Wengen e Mürren, aos que escolhem o trenó, um desporto nacional para todas as idades (meio desconhecido entre nós), para descer a boa velocidade, de dia ou de noite, os trilhos que circundam a popular vila de Grindelwald.
Tudo isso num mundo de ‘postal’ ou, como alguém disse: “demasiado perfeito para ser verdadeiro”. Sim, é verdadeiro! Mas não é tão perfeito como parece. É verdade que os suiços ‘dominam’ os vales e as montanhas. Que são fervorosos adeptos da ‘segurança’. Mas após algumas semanas por estas paragens saltam à vista as imperfeições e contradições de um sistema tão organizado. Refiro-me, por exemplo, ao caos que por vezes se vive nalgumas estações de comboios (especialmente num dia de competição desportiva, com nenhum horário cumprido) !?! Mal minimizado, verdade seja dita, pela presença de um ‘batalhão’ de assistentes. A falta de pistas de ski de côr verde (as mais fáceis) para o esquiador principiante – esta situação é realmente irónica pois, se por um lado vemos uns 80% de esquiadores a usar capacete, por outro lado vemos que, após aprender os primeiros movimentos, o esquiador principiante tem que ‘saltar’ para uma pista ‘azul’, bastante mais exigente do que uma ‘verde’. Pior ainda, há pistas azuis que terminam em pistas ‘vermelhas’ (pistas para esquiadores avançados). Para quem se orgulha do seu nivel de planeamento e segurança, é também estranho verificar o traçado de algumas pistas, com troços verdadeiramente cegos e mal sinalizados, escondidos por lombas e curvas. Três vezes dei por mim fora de pista sem me ter apercebido. Uma vez voei descontrolado sobre uma cova escondida por uma lomba, ao descer uma pista azul, em velocidade moderada. ‘Não há bela sem senão’ !!!
foto1: pista de ski entrando em Wengen
foto3: salto incrivel na 'Descida' da Lauberhornrennen '09