sexta-feira, 26 de setembro de 2008

A Vida num Refugio


A Vida num Refugio - Crónica 6
Nada tem a ver com refugiados. Um refugio é uma casa abrigo na montanha e pode ser guardado ou não. No primeiro caso, será pago e terá refeições, wc e cobertores para a dormida em camarata.
Num refugio de alta montanha juntam-se as mais curiosas pessoas e nacionalidades. O ambiente é divertido, trocam-se informações e compartem-se experiências. As pessoas são receptivas e estão unidas por um sentimento e um desejo comuns: disfrutar a montanha e alcançar um determinado cume. Recentemente, estive no refugio Gôuter, no Monte Branco (França), a 3.718 metros de altitude, rodeado de neve. À minha mesa, para jantar, estavam um casal italiano, um norueguês com o seu guia escocês, e 3 franceses. Mas, por exemplo, no dormitório (com 40 colchões para 51 pessoas !?!, segundo as contas das minhas vizinhas inglesas: “they’re noty aren’t they ?!”, exclamou uma), entrou um guia checo, com um grupo de uns 20 excursionistas e havia vários coreanos ...
A ‘tarefa’ mais complicada na alta montanha, seja num refugio ou fora dele, parece ser ir à casa de banho ! Desde logo devido ao frio. Mesmo nos wc dos refugios não é fácil ‘obrar’. Lembro-me de um wc no Monte Rosa (Zermatt), em que a água da sanita estava a metro e meio de profundidade, mas mesmo assim, quando o dejecto embateu na água, o ricochete, em forma de pingos, veio-me acertar em cheio no rabo … Uhh! Desta vez, no Gôuter, a ventania lá fora entrava pelo fundo das sanitas, de baixo para cima (os orificios dão directamente para as rochas). Ao atirar o primeiro papel, verifiquei como este ficou a flutuar no vazio, até ser cuspido de novo para o interior da cabine … Assim, os utilizadores eram forçados a ‘descarregar’ entre rajadas de vento !!! Um erro de cálculo, pode custar as pernas regadas com a própria urina que regressa do vazio, como me aconteceu !

Bom, mas vem tudo isto a propósito de que os refugios de montanha são, posso considerar, dos melhores locais para promover as interculturalidade, a tolerância e a paz no mundo …, uma vez que todos os frequentadores se debatem com as mesmas contingências. Todos se procuram adaptar o melhor possivel para passar solidariamente aqueles momentos, antes de partir de novo para um objectivo individual, mas comum – o cume. Isto fez-me pensar que seria bom que tambem os politicos se pudessem sentar a uma mesma mesa, desta maneira, partilhando objectivos idênticos aos dos demais, sem preocupações materialistas, sem ostentações, sem ensejos de manipular, de conceder e cobrar favores. Decerto teriamos um mundo mais pacífico …

Alguns blogs em que participo:
http://cronicasdozezinho.blogspot.com
http://icecare.blogspot.com (tem novidades)
http://viagenseaventurasl.blogspot.com (tem novidades)
http://aventuraaomaximo.blogspot.com
http://travessiaoceanica.blogspot.com

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Onda de violência - Crónica 5

O aumento da criminalidade violenta no país dos brandos costumes, acontece num periodo em que a economia europeia, em geral, e a portuguesa, em particular, vivem uma conjuntura acentuadamente negativa, mas tambem num periodo que se tem caracterizado por uma entrada massiva de emigrantes em Portugal. Sem duvida, importaria conhecer a origem e perfil destes novos assaltantes violentos para tentar perceber e determinar as causas desta onda … Saber se, efectivamente, esta onda de assaltos tem como origem a presença no nosso país de imigrantes que abandonaram os seus países numa situação pessoal desesperada, como podem fazer crer as impressões da policia no distrito de Setúbal; se se tratou de um processo de dificil adaptação dos mesmos, que os levou a encarar as alternativas violentas, ou se já vinham com más intenções …; ou, por outro lado, se esta situação é o resultado, de certo modo previsivel, das dificuldades económicas que atravessam as nossas familias, da sensação de falta de perspectivas de melhoria, e do sentimento de insatisfação e injustiça social que vivem, quando se sabe que a uns poucos, incluindo os próprios politicos, a crise nem belisca.
Se fosse este o caso, muito mais grave, então as questões de injustiça social emergiriam ao primeiro plano e os politicos teriam que responder porque é que, quando um país atravessa uma situação de desaceleração económica ou mesmo de crise, as consequências da mesma não são partilhadas, pelo menos proporcionalmente, por toda a nação. Isto é, como podemos permitir que em situações de crise, uns, muitos, fiquem a viver ‘com a corda no pescoço’ enquanto outros, poucos, apenas tenham (ou não) que ponderar os luxos das suas vidas ?